27 de Setembro de 2024
Vitória de uma Prematura
Olá me chamo Carla, sou mãe da Ana Raquel que nasceu prematura de 27 semanas e 3 dias. No exato dia 7 de novembro acordei sentindo falta de sentir minha bebê na barriga e com uma leve dor nas costas, me deu uma vontade de fazer xixi e quando eu fiz, me levantei e me deparei com um sangramento, no mesmo momento gritei pelo meu esposo e desesperadamente comecei a chorar porque eu pensei que estivesse perdendo o meu bebê. Fomos ao hospital e fizeram exames de toque, constou 6 cm de dilatação e eu entrei em choque, um real desespero tomou conta do meu ser. O médico que me examinou disse que eu estava em trabalho de parto, nesse dia já foi colocado acessos e uma sonda em mim, tomei uma injeção pra tentar amadurecer o pulmão do bebê, logo fiquei no soro e fui transferida imediatamente às pressas para outro hospital em outra cidade, pois na minha cidade não tem recursos pra ter uma UTI nesses casos de bebê prematuro.
Chegando no hospital fizeram um toque e eu já estava com 7 cm, eu fiquei na posição de lado até não aguentar mais, aquelas dores apertando, eu angustiada por estar com medo de perder minha filha e tentaram de tudo fazer eu segurar, disseram até que caso viesse a dor não era pra eu esforçar pra colocar pra fora porque poderia ser mais arriscado. Consegui segurá-la até dia 8, umas seis e pouco da manhã, então minha menina nasceu dia 8 de novembro pesando 1 kg e 36 centímetros, foi direto pra um berço aquecedor. Não ouvi seu chorinho, só via a correria dos médicos, me lembro como se fosse hoje dela bem miudinha coberta por um saquinho transparente e um tubo na sua boquinha, mas ela era valente, suas mãozinhas não paravam de mexer e eu triste ali vendo aquela situação.
Minha filha ficou na sala de parto e eu fui transferida para outro quarto e lá mais uma vez me senti angustiada porque via mães com seus bebês e eu ali sozinha sem a minha, meu coração quebrava só de ver aquela cena. Até então eu recém parida pedi ajuda a minha irmã pra falar com o médico que estava em um balcão daquele hospital, fui lá mesmo fraca, falei com ele e perguntei a situação da minha filha, e ele simplesmente olhou pra mim e disse: sua bebê tá muito grave. Meu mundo desmoronou na hora e entrei em desespero de novo por ter ouvido, mas eu fui forte. Me sentei em uma cadeira e de repente a enfermeira que estava lá dentro chamou gritando pelo médico dizendo que é o RN da Ana Carla e no mesmo instante que ouvi meu coração congelou. Ouvi que ela estava tendo uma hemorragia e naquele momento eu caí no choro de novo, até então minha filha estava esperando vaga na UTI neo. Chegou o dia da minha alta, eu morava em outra cidade a 5 horas de distância e como eu ia pra casa deixando minha criança lá? Foi aí que uma enfermeira veio e disse que não precisava ir embora porque lá tinha uma casa de apoio, chegando lá me deparei com várias mãezinhas com seus bebês na UTI, foi o dia mais difícil pra mim. No outro dia cheguei no hospital e fui até a sala onde tava minha filha, me desesperei perguntando o que tinha acontecido com minha filha porque ela não estava ali, aí a enfermeira disse que ela foi pra UTI porque tinha surgido uma vaga. Corri pra UTI e me preparei toda, coloquei uma roupa especial, higienizei as mãos, coloquei a touca e fui ver minha pequena. Uma enfermeira disse que apesar de pequena ela era muito sapeca e lá eu a vi com um pano branco por cima e os pezinhos se mexendo. Fui falar com a médica no plantão, ela disse que a situação da Raquel era muito grave porque ela tinha tido uma hemorragia e que estava no antibiótico e outros medicamentos.
Minha história não cabe aqui, ela passou por muitas coisas lá na UTI, bactérias, teve que tomar várias bolsas de sangue devido sua anemia, vários antibióticos, mas cada dia uma vitória apesar das lutas que não foram fáceis. Foram longos 2 meses e 10 dias entubada, sempre que tirava ela do tubo ela não conseguia respirar sozinha, não foi fácil nossa jornada, até que um dia Deus nos honrou e permitiu que Ana aguentasse ficar em ar ambiente, usou o CPAP poucos dias até que chegou tão sonhada alta da UTI, foi uma festa! Minha história é grande, tive que resumir um pouco. Hoje ela está com 4 anos, cheia de vida e esperança, muito esperta.