18 de Agosto de 2025

Um milagre chamado Catarina!

Minha gravidez foi muito tranquila, até que, com 31+5 dias, estava sentindo dores e mais dores. Fui até a maternidade, e disseram que era normal. No dia seguinte, eu teria um ultrassom de rotina, e a médica disse que meu bebê estava com o intestino para fora, que o osso nasal era menor, e que meu líquido estava aumentado. Saí de lá sem chão, mas uma moça da limpeza me viu chorando e disse: “Quem dá a última palavra é Deus.”

Procurei outra clínica, que me confirmou tudo aquilo e disse também que eu estava com síndrome da banda amniótica, e que essa membrana estava enrolada no meu bebê e necrosou a barriga dela, por isso o intestino tinha saído para fora. Nessa altura do campeonato, voltei à maternidade e fui submetida a outro ultrassom, que confirmou tudo aquilo novamente. Porém, me mandaram para casa, dizendo que ela era muito nova para nascer, mesmo com todas aquelas coisas acontecendo.

Fui embora com muita dor. Isso era dia 11/04. Quando foi 23:30, fui até lá novamente com muita dor e com sangramento leve. Novamente, me mandaram para casa. Cheguei em casa e tive um sangramento muito intenso, uma hemorragia grave. Fui levada de volta para lá e submetida a uma cesariana de emergência, pois estava tendo um descolamento de placenta. Na sala de parto, estava uma equipe preparada para receber um bebê com síndrome e que iria direto para a cirurgia.

Em 12/04/25, Catarina nasceu às 2:00 da manhã, perfeita, de 32 semanas, com 1890g e 41 cm. Ninguém soube explicar o que aconteceu, o que foi visto, já que temos vídeos do intestino para fora do abdômen, laudos, e foi confirmado por três médicos diferentes.

Ela foi direto para a UTI com desconforto respiratório e ficou com uso do CPAP. Acabou engolindo um pouco de líquido sanguinolento, ficou dois dias com a sonda aberta para sair todo aquele sangue que ela tinha engolido. Mas, com três dias de vida, começou a se alimentar e estava indo tudo bem, até que, com sete dias de vida, apresentou sangue nas fezes e um abdômen distendido. Ela foi entubada de forma eletiva, entrou em jejum e iniciou vários antibióticos.

Com 12 dias de vida, em 23/04, foi para a primeira cirurgia de enterocolite necrosante, com perfuração e líquido na cavidade abdominal. Pedimos muito a Deus e tivemos muita fé que daria certo. Tinha uma moça que descia lá no centro cirúrgico para me dar notícias. Após a cirurgia, nunca mais a vi. Ela trabalhava no centro cirúrgico, e a UTI era bem em frente.

O médico subiu e nos contou que ela perdeu 30 cm do delgado, e que, para alegria nossa, tinha dado tudo certo. Após três dias da cirurgia, ela teve um sangramento nas fezes novamente. Até então, achavam que era apenas um trombo que tinha dado no intestino. Após exames de sangue, foi confirmada trombocitopenia grave, devido ao uso do metronidazol. Os antibióticos foram suspensos, mas as plaquetas foram para 2.000.

Catarina recebia plaquetas de 12/12h, plasma e hemácias também quase todos os dias, e as plaquetas não subiam. Tomou imunoglobulina e tínhamos fé que daria certo, mas também não subiu. Nesse tempo, ela foi ficando hepática, seus rins estavam fracos, icterícia colestática, e sua cirurgia não cicatrizava — cada dia abria mais e mais.

No dia 09/05, me ligaram e disseram que ela iria para uma nova cirurgia, pois tinha tido evisceração total. Foi um desespero, pois ela tinha colhido exames e suas plaquetas estavam em 6.000, e ela não parava de sangrar nenhum dia. A médica me dizia a todo momento que era muito grave, mas nós sabíamos que o Médico dos Médicos iria operar mais uma vez. Ele usaria a mão do Dr. Marcos pela segunda vez e tudo daria certo.

Ela foi com 1700g para corrigir a abertura e fazer uma colostomia, pois seria mais fácil para estancar seu sangramento. Estava toda pálida, mas, a todo tempo, dando risadinhas (ela já sabia que daria tudo certo). Ficamos lá fora esperando e pedindo muito a Deus que, se não fosse da vontade d’Ele, que Ele não permitisse a colostomia. E aquela mesma moça apareceu novamente para nos dar notícias. (Hoje, eu acredito que foi um anjo do Senhor, pois até hoje ninguém sabe quem é, ninguém a conhece, e eu nunca mais a vi lá.)

Depois de três horas, o médico aparece para nos contar que deu tudo certo, e que não foi necessário a colostomia. Deus estava agindo em todos os momentos.

Vale lembrar que, em todo o tempo de internação, ela se mostrava muito forte, pois, mesmo entubada, seu oxigênio ficava sempre no mínimo. Mas não poderia ser extubada pelo risco de sangramento, já que ela sangrava o tempo todo no intestino — mas poderia sangrar em qualquer outro lugar. Os dias foram passando, e nada das plaquetas subirem. Não podia se alimentar, pelo sangramento intenso que estava.

Até que, no dia 11/05, eu, o pai e os irmãos fomos para a igreja cedo, e eu pedi muito a Deus um presente de Dia das Mães: que suas plaquetas subissem. Fomos na visita, e, para nossa surpresa, elas tinham subido para 44.000. Que alegria! Ela tinha até parado de sangrar.

No dia 12/05, as plaquetas caíram novamente, e ela voltou a sangrar. Suas plaquetas tinham caído para 1.000. Foi descoberta uma sepse tardia e teve início o antibiótico e, como última tentativa — mesmo podendo prejudicar o coração e o pulmão —, iriam iniciar corticoide e voltaria às transfusões, mais a imunoglobulina.

Nesse mesmo dia, eu e o pai dela fizemos um voto com o Senhor: que, se ela saísse bem da UTI e suas plaquetas subissem, nós iríamos nos casar após sua alta. (Nós não somos casados ainda, estamos noivos, e o casamento já está marcado, rsrs.)

No total, foram 26 transfusões. No dia 13/05, as plaquetas foram para 76.000. Em 14/05, para 90.000. No dia 15/05, ela foi extubada e estava na terapia de oxigênio, apenas com cateter nasal. Quando cheguei e vi ela sem o tubo, só sabia agradecer a Deus pelo milagre que Ele tinha feito na vida dela. Foi a primeira vez que a peguei no colo, com 34 dias de vida.

No dia 16/05, ela voltou a se alimentar: 1 ml de 3/3h. No dia 19/05, começou a respirar sozinha, sem ajuda do cateter. E, a cada dia, aumentava a dieta e ela aceitava super bem. No dia 26/05, após 43 dias, veio a tão sonhada alta da UTI.

No dia 27/05, apresentou sangue nas fezes, e foi descoberta a APLV. Suspendi o leite materno, pois, mesmo em dieta, o sangue não parava. Ficou com uso do Pregomin, e mesmo assim não melhorou. Porém, teve alta no dia 05/06, super bem, muito esperta.

Aconteceram outras duas internações, com a barriga distendida. Foi trocado o leite para o Neocate, e hoje está bem, graças a Deus — um milagre do Senhor em nossas vidas!

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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