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01.06.2025

Síndrome HELLP: o que é, quais os sintomas e como prevenir

A gravidez é um momento especial e transformador na vida de uma mulher e de toda a família. No entanto, para que tudo corra bem, é essencial estar atenta a sinais e sintomas que possam indicar complicações. Uma das condições que merece atenção especial é a Síndrome HELLP, uma doença grave, porém rara, que pode ocorrer na gestação e está associada a riscos para a mãe e o bebê, inclusive o parto prematuro.

Neste artigo, explico de forma clara e objetiva o que é a Síndrome HELLP, como identificá-la, quais são os riscos envolvidos e, principalmente, como agir para proteger a saúde da mãe e do bebê.

O que é a Síndrome HELLP?

A Síndrome HELLP é uma complicação grave da gravidez, considerada uma forma mais severa da pré-eclâmpsia. O nome HELLP vem das iniciais, em inglês, de três alterações que caracterizam essa síndrome:

  • Hemolysis (hemólise): destruição das hemácias (glóbulos vermelhos do sangue);
  • ELevated Liver enzymes (elevação das enzimas do fígado): sinal de que há sofrimento hepático;
  • LP (Low Platelets): queda no número de plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue.

Essa síndrome costuma surgir no segundo e terceiro trimestre da gestação, mas também pode ocorrer logo após o parto. Apesar de rara — afetando cerca de 0,2% a 0,6% das gestações — seus efeitos podem ser severos e, por isso, o diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais.

Quais são os sintomas da Síndrome HELLP?

Um dos grandes desafios da Síndrome HELLP é que seus sintomas podem ser confundidos com os desconfortos comuns da gravidez. Por isso, é importante conhecer os sinais de alerta e buscar atendimento médico ao notar qualquer alteração incomum. Os principais sinais de alerta e sintomas incluem:

  • Dor intensa na parte superior direita do abdômen (região do fígado);
  • Náuseas e vômitos persistentes;
  • Dor de cabeça forte;
  • Inchaço (principalmente nas mãos, rosto e pernas);
  • Visão turva ou embaçada;
  • Pressão arterial elevada;
  • Fadiga intensa;
  • Sangramentos ou hematomas fáceis.

É importante lembrar que o diagnóstico pode ser confundido com outras doenças hepáticas ou gastrointestinais, por isso uma avaliação com especialista deve ser necessária.

Quais os riscos da Síndrome HELLP?

A Síndrome HELLP é uma emergência obstétrica e pode evoluir rapidamente, colocando em risco a vida da mãe e do bebê. Entre as possíveis complicações estão:

  • Descolamento prematuro da placenta;
  • Insuficiência hepática ou renal;
  • Hemorragias devido à baixa contagem de plaquetas;
  • Convulsões e eclâmpsia;
  • Parto prematuro, muitas vezes necessário para preservar a vida da mãe e do bebê.

Por isso, o rastreamento e o pré-natal de qualidade são cruciais para identificar precocemente fatores de risco e sinais da síndrome.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da Síndrome HELLP é feito com base em exames laboratoriais e na avaliação clínica da gestante. Os principais exames incluem:

  • Hemograma completo (para avaliar plaquetas e hemácias);
  • Dosagem de enzimas hepáticas (TGO e TGP);
  • Bilirrubinas;
  • Exames de função renal.

Muitas vezes, a gestante é internada para avaliação e tratamento imediato, já que a evolução pode ser rápida.

Qual é o tratamento da Síndrome HELLP?

O único tratamento definitivo para a Síndrome HELLP é o parto, pois a condição está diretamente relacionada à gestação. A conduta médica varia de acordo com a gravidade do quadro e o tempo de gestação:

• Antes de 34 semanas: pode-se considerar o uso de medicamentos para amadurecimento pulmonar do bebê, com monitoramento intensivo da mãe e do feto;
• Após 34 semanas ou em casos graves: geralmente opta-se pela interrupção da gestação, independentemente da idade gestacional, para preservar a saúde da mãe.

Além disso, o tratamento pode incluir medicamentos para controle da pressão arterial, anticonvulsivantes e transfusões de sangue ou plaquetas, se necessário.]

Existe prevenção para a Síndrome HELLP?

Como a síndrome HELLP é uma complicação do diagnóstico de pré-eclâmpsia, a principal forma de prevenção deve ser através da prevenção do quadro de pré-eclâmpsia. Algumas estratégias para prevenção de pré-eclâmpsia são:

  • Rastreamento bioquímico no morfológico do 1º trimestre
  • Uso de aspirina em baixa dose em pacientes de alto risco
  • Ingestão dietética de cálcio
  • Dieta balanceada e anti-inflamatória
  • Prática de exercício físico supervisionada

Uma vez feito o diagnóstico de pré-eclâmpsia, não há uma forma específica de prevenir a Síndrome HELLP. Importante que as medidas abaixo sejam tomadas para tentar reduzir os riscos e facilitar o diagnóstico precoce:

  • Realizar o pré-natal regularmente, com todos os exames solicitados;
  • Controlar a pressão arterial e tratar condições como hipertensão crônica, diabetes ou doenças autoimunes;
  • Informar ao obstetra sobre histórico pessoal ou familiar de pré-eclâmpsia ou HELLP;
  • Estar atenta aos sintomas e buscar atendimento médico imediato ao notar algo incomum.

Além disso, a educação da gestante sobre os sinais de alerta e o acesso a serviços especializados em medicina materno-fetal fazem toda a diferença na prevenção de complicações graves.

A importância do acompanhamento especializado

Casos como a Síndrome HELLP reforçam a importância do cuidado especializado durante a gestação. O acompanhamento com obstetras experientes, preferencialmente com formação em medicina materno-fetal, permite identificar precocemente alterações que podem passar despercebidas em um pré-natal básico.

A atuação conjunta entre gestante, equipe médica e serviços especializados é a melhor forma de garantir uma gestação segura e um parto saudável, mesmo em situações de maior risco.

por Dr. Arlley Cleverson 

Médico pela UFMA, residência em GO na UNIFESP, especialista pela Febrasgo, fellow em medicina fetal na Fetal Medicine Foundation - King's College London. Membro do Conselho Científico da ONG Prematuridade.com.

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