

20 de Outubro de 2025
Se não fosse Deus
Eu nunca imaginei que viveria uma gestação assim. A gravidez do Nicolas começou cheia de sonhos, planos, expectativas… mas, de repente, tudo saiu do controle. Fui diagnosticada com colestase gestacional, e em menos de uma semana meu fígado entrou em falência. Saiu do TGP em 30 e foi para 1100. Eu sabia que algo sério estava acontecendo, mas, olhando em retrospectiva, eu não sabia a proporção.
Fiquei apenas cinco dias internada, orando. Eu me perguntava o porquê, mas, no meio de tudo, senti Deus me cercando com paz. No dia 17 de março de 2025, com apenas 28 semanas e 6 dias, meu pequeno guerreiro veio ao mundo. Tão frágil… e, ao mesmo tempo, tão forte. Eu o vi pela primeira vez 12 horas depois do parto, cheio de fios, tão pequenininho, e só consegui pensar: “Ele respirou. Ele viveu.”
Lembro que me disseram que ele era grande, que estava inchado e iria perder peso… Foram longos dias de UTI neonatal. A rotina era dura: acordar de madrugada para tirar leite, sair da casa dos meus pais, correr para o hospital a cada mamada, ficar uma hora com ele no peito, fazer canguru várias vezes por dia… e voltar para casa com o coração apertado cada vez que tinha que sair sem ele.
Acabei ficando lá com meus pais, longe do meu marido, porque estávamos sem carro. Então, ou era isso, ou era ficar na casa de apoio. Aprendi o valor do banco de leite, recebi ajuda quando mais precisei e, depois, me tornei doadora, querendo retribuir a graça que recebi.
Vi Deus nos detalhes: nos médicos, nas enfermeiras, nos dias em que achei que não ia aguentar e, mesmo assim, aguentei. Hoje, o Nicolas é o meu testemunho vivo. Prova da fidelidade de um Deus que nunca deixou de cuidar.
Ele é a soma de todo amor que já vivi: o meu, o do Mateus, dos nossos pais e, principalmente, o amor de Deus, que transformou dor em propósito. Porque só mãe sabe… só mãe sabe o que é ver um pedacinho do céu caber numa incubadora e, ainda assim, sentir o colo de Deus em cada detalhe.


