

27 de Junho de 2022
Rafaella Meu Grande Milagre
Na vida nós temos sonhos, e o nosso desde que casamos era ter um filho, e que esse filho fosse uma menina. Exatamente em março de 2017 o Senhor me abençoou com uma gravidez, ficamos muito felizes e ansiosos para saber se era menino ou menina.
Com mais ou menos cinco meses de gravidez, através de uma ultrassonografia pudemos perceber que era uma menininha, agora a alegria era em dobro, felicidade sem medidas. Porém quando faltava poucos dias para o sétimo mês de gestação fui diagnosticada com pré-eclâmpsia grave e encaminhada com urgência para o hospital. O meu coração estava aflito mas sempre confiando em Deus.
No dia 19/10/2017 às 09:14 da manhã, nasceu a tão esperada princesinha, pesando apenas 1kg, se desenvolveu somente até o sexto mês de gestação, era tão pequena e tão frágil, que não chorou ao nascer, foi encaminhada às pressas para UTI-neonatal e não pude vê-la e nem tocá-la até o dia seguinte. Quando enfim pude vê-la, foi uma emoção e um amor muito grande, seguida de uma dor inexplicável, pois não imaginava que ela seria tão pequenina. Os seus olhos eram do tamanho de uma ervilha, o seu corpo tão pequeno e magrinho, seu bumbum nem tinha divisão, era reto como as costas de uma mão, sua parte íntima era apenas uma bolinha, e as suas costelinhas podiam ser contadas.
Mesmo assim o meu coração estava cheio de fé e esperança, e eu a amava com todas as minhas forças. Depois de três dias meu esposo e eu pudemos ouvir pela primeira vez o seu chorinho, tão baixinho que quase nem se ouvia. Os riscos eram muito grandes, devido ela ser tão pequena e não conseguir se alimentar, seus órgãos não estavam completamente desenvolvidos e preparados para receber alimento, seu estômago, segundo os médicos era do tamanho de uma uvinha, tentavam introduzir 1 ml de leite a cada três horas através de uma sonda, mas ela rejeitava.
Então a Rafaella era nutrida somente através de soro nutritivo pelo cordão umbilical, chegando a pesar 950 gramas, quase cabia na palma de uma mão. Depois de dez dias ela começou a aceitar a dieta, começando de 1 ml, depois 2,3, até chegou a 30 ml, quando os médicos me falaram que já podia fazer canguru com ela, foi muita alegria, ainda não podia pegá-la no colo, mas a colocavam no meu peito e enrolavam com uma redinha para segurá-la. Eu podia sentir os seus ossinhos tão pequenos e frágeis encostando no meu corpo, esse momento era de muita emoção, poder sentir o calor da minha filhinha, aquele olhar tão pequeno para mim, como se estivesse dizendo ”eu sei que você é minha mamãe”.
Era apenas uma hora por dia, eu contava até os segundo para chegar o dia seguinte e poder pegá-la novamente. Quando tudo parecia estar ficando bem, ela começou a ter apneias (parar de respirar) através de exames foi constatada uma infecção e anemia, teve que fazer duas transfusões de sangue e ser medicada por mais quatorze dias. Esperávamos ansiosos pela sua melhora, foi em um dia inesperado depois de trinta e quatro dias na UTI-Neonatal a Rafaella pesando 1.545kg enfim pôde ficar comigo no quarto.
Agora só precisava ganhar peso e aprender a mamar, o que é bastante difícil para um prematuro que está acostumado a se alimentar através de sonda. Um dia ganhava 10 gramas, no outro perdia 15 gramas, em um dia estava bem, no outro já não estava. Foram quase dois meses de angústias, incertezas, e pôr fim a nossa vitória, Rafaella recebeu alta pesando 1870 kg. Para muitos, o fato de uma criança andar, falar é normal, mas para mim cada palavrinha, cada sorriso, cada gesto da Rafaella é mais um milagre de Deus, e podemos contemplar isso a cada dia.
Hoje sou grata, primeiramente a Deus por ter nos dado uma oportunidade de vida e por ter curado e feito milagres. Grata as amizades que de certa forma me apoiaram e a todos que oraram a nosso favor. Grata aos médicos(as) e enfermeiros(as) por ter cuidado com muito amor, e podem ter certeza que nunca me esqueço de cada pessoa, que de alguma forma me deu forças neste momento tão difícil. De cada mensagem, mesmo que pra você parecia ser um simples ”como estão vocês?”, !Confia em Deus”, “estamos orando por vocês”, “Não desiste não”. Pode ter certeza que para mim significava muito só o gesto de saber que fora do hospital tinham pessoas que se preocupavam conosco e nos amavam.
Só Deus sabe como é difícil acordar e olhar para as mesmas paredes de um hospital todos os dias, sem ter ao menos uma previsão de quando iria sair dali, sem saber ao certo quando a Rafaella iria ficar bem, minha maior força sempre veio de Deus, e hoje a Rafaella é perfeita e louvamos a Deus a cada dia pela sua vida. Alguns não acreditavam nela, mas eu não precisava que acreditassem, eu só precisava confiar que meu Jesus iria curá-la e foi isso que ele fez, meu Deus é Deus de milagres.
(Relato da mamãe Renata, enviado em 2020)