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09.03.2017

Poluição pode estar relacionada a 2,7 milhões nascimentos prematuros ao ano

Em todo o mundo, o nascimento prematuro é uma das maiores causas da mortalidade infantil. Aos inúmeros fatores de risco que contribuem para o problema, como a idade da mãe, doenças crônicas, extrema pobreza, tabagismo e uso de álcool durante a gravidez, adicione mais um: a poluição do ar.

Cientistas publicaram um grande estudo que relaciona os poluentes atmosféricos com 2,7 milhões de nascimentos prematuros por ano. Partículas finas no ar, derivadas do uso do óleo diesel, queimadas e outras fontes, podem estar relacionadas ao risco de partos prematuros — em conjunto com outros riscos como a idade e a saúde da mãe. O alerta é da Organização Mundial de Saúde, que recorre a um estudo realizado pelo Instituto Ambiental de Estocolmo, a London School of Hygiene and Tropical Medicine e a Universidade do Colorado.

Os resultados foram publicados na revista Environment International. O estudo, conduzido por uma equipe do Instituto de Meio Ambiente de Estocolmo (SEI) da Universidade de York, descobriu que, em 2010, 18% de todos os partos prematuros tinham relação com a exposição às partículas finas finas conhecidas como PM 2,5, consideradas as mais perigosas para a saúde. Ao todo, o estudo analisa 184 países. Os continentes mais afetados são a Ásia e África, com quase 60% de todos os nascimentos prematuros em resultado da poluição do ar.

Essas micropartículas de poeira medem apenas 0,0025 mm e resultam da combustão incompleta de combustíveis fósseis utilizados pelos veículos automotores, usinas a carvão e queima de resíduos agrícolas. Imperceptível a olho nu, elas não encontram barreiras físicas: afetam o pulmão e podem causar asmas, bronquite, alergias e outras graves doenças cardiorrespiratórias.

Pela capacidade de penetrar e se alojar profundamente dentro dos pulmões, as PM2,5 se tornam uma ameaça ainda maior para os pequenos. Quando um bebê nasce prematuro (com menos de 37 semanas de gestação), há um risco aumentado de morte ou incapacidades físicas e neurológicas de longo prazo.

“Este estudo destaca que a poluição do ar pode não apenas prejudica as pessoas que estão respirando o ar diretamente – também pode afetar seriamente um bebê no útero da mãe”, diz Christopher Malley, principal autor do estudo, em comunicado à imprensa. “Partos prematuros associados a essa exposição não só contribuem para a mortalidade infantil, mas podem ter efeitos ao longo da vida dos sobreviventes”.

A exposição de uma mulher grávida pode variar muito dependendo de onde ela mora – em uma cidade na China ou na Índia, por exemplo, ela pode inalar mais 10 vezes mais poluição do que nas áreas rurais Inglaterra ou na França. A maior parte de nascimentos prematuros relacionados à poluição do ar ocorrem no Sul e no Leste da Ásia. Somente a Índia respondeu por cerca de 1 milhão do total dos 2,7 milhões de nascimentos prematuros em 2010 em todo o mundo, e a China respondeu por cerca de outros 500 mil. O estudo não quantificou o risco em locais específicos, mas utilizou o nível médio das PM2,5 em cada país e analisou os resultados por região. Por outro lado, de acordo com a pesquisa, na África subsaariana ocidental, no Norte da África e no Oriente Médio, nascimentos prematuros estão relacionados principalmente à poeira de desertos.

Com esses resultados, os pesquisadores reiteram a necessidade de reforçar as medidas de controle e monitoramento da qualidade do ar, a fim de mitigar os efeitos negativos sobre aqueles que ainda nem chegaram ao mundo. Conter a poluição do ar pode ajudar a prevenir milhões de nascimentos prematuros por ano, uma condição que ameaça as vidas de crianças e aumenta o risco de problemas físicos e neurológicos a longo prazo.

A cada ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estimados 15 milhões de bebês nascem de forma prematura e quase um milhão deles morrem após complicações decorrentes. Ainda de acordo com a OMS, complicações em partos prematuros são a causa principal de morte em crianças com menos de 5 anos.

Fonte da notícia: Exame, O Globo e Observador (notícia original publicada em 18/02/17)
(Foto: CC BY 2.0/ CC/Wikimedia Commons)

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