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20.08.2011

Nutrição materna x Parto prematuro

Olá, pessoa!

Ontem participei de um Simpósio de Nutrição Materno-infantil, e coube a mim falar sobre "Gestação: nutrientes essenciais e nutrientes a serem evitados".

Na realidade não há muita novidade na literatura, mas resolvi trazer um pouco do que abordei na palestra, já que uma nutrição adequada na gestação é fator protetor contra desfechos desfavoráveis na gravidez, tanto para mãe, quanto para o bebê. E aí entram: parto prematuro, risco de morte neonatal, risco de infecções e complicações no parto, anormalidades no bebê e problemas de saúde que podem perdurar por toda a vida de ambos.

Quais nutrientes são essenciais para uma gestação saudável?

Todos os nutrientes são importantes na gestação. Não é o momento de fazer dietas restritivas, isso é perigoso! Precisamos consumir, sim,carboidratos, gorduras e, principalmente proteínas, que são os nutrientes responsáveis pela formação dos novos tecidos do bebê em desenvolvimento. O ideal é consumir 50% das proteínas diárias na forma de proteínas de alto valor biológico, presente em carnes, leite e derivados e ovos.

Dentre os chamados micronutrientes, eu destacaria as vitaminas A, C e D, o cálcio, o ferro, o ácido fólico, o zinco e o iodo. Uma alimentação rica em frutas (incluindo cítricas), vegetais cozidos, saladas cruas, laticínios e carnes, fornece quantidades diárias adequadas destes nutrientes.

Com exceção do ácido fólico, que deve ser suplementado mesmo antes da mulher engravidar, a suplementação de alguns destes nutrientes pode ser necessária para as gestantes que têm alimentação de baixa qualidade, as que não consomem produtos de origem animal, as fumantes, gestantes de gêmeos ou múltiplos e, sempre que o médico ou nutricionista julgar necessário.

Sem esquecer das fibras (presente nas frutas, saladas cruas, alimentos integrais), sendo o ideal consumir em torno de 28g/dia na gestação e de beber muita água, em torno de 2 litros por dia.

Quais substâncias devem ser evitadas na gestação?

Álcool: deve ser evitado mesmo. Alguns profissionais permitem que suas pacientes ingiram 1 lata de cerveja ou 1 taça pequena de vinho, porém, é comprovado que a mínima quantidade de álcool ingerida pela gestante atravessa a barreira placentária e fica na circulação do feto por mais tempo do que na da mãe, pois o feto demora mais para excretá-lo.

Cafeína: evitar excesso, uma vez que já foi relacionada a infertilidade, parto prematuro e baixo peso ao nascer. Quantidade máxima estabelecida em 200-300mg/dia. Uma xícara de café passado, por exemplo, tem aproximadamente 70mg de cafeína, ao passo que 1 café expresso tem 120mg de cafeína. Atenção às gestantes gaúchas! A erva do chimarrão também contém bastante cafeína. O ideal é tomar o chimarrão no final da "rodada", quando ele já está mais "lavado"e a concentração de cafeína diminui. Além do café e do chimarrão, também tem cafeína em quantidade significativa: refrigerantes à base de cola e guaraná, chás preto, mate e verde.

Adoçantes: os permitidos na gestação são aspartame (menos para as fenilcetonúricas), sucralose, acessulfame-K e stévia. Evitar a todo custo ciclamato e sacarina. Eles são classificados como "risco B", onde há estudos em animais que mostraram efeitos ruins à saúde e não há estudos com gestantes, portanto: atenção aos rótulos!

Chás: apesar de amplamente difundidas e consumidas pelas grávidas, ervas medicinais e gestação não combinam muito. Já foi demonstrado que chás como boldo, louro, sálvia, poejo, têm efeito abortivo. O ideal é evitar o consumo de chás na gestação, pois não se conhece ao certo o efeito dessas plantas para o feto.

Flavonóides: não é consenso, porém alguns profissionais já orientam suas pacientes a evitar alimentos contendo essa classe de polifenóis (presentes em maçãs, tomate, uva, espinafre, frutas cítricas, azeite de oliva, entre outros) no 3o trimestre de gestação (a partir da 28a semana). O motivo é que o consumo de flavonóides poderia causar arritmias, insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar no bebê, pois o ducto arterioso (canal que liga a artéria pulmonar à aorta) se manteria aberto por tempo anormal e isso causaria uma mudança no dinâmica do fluxo de sangue no coração. Bom, acho que vale o bom senso: evitar excesso desses alimentos não faz mal a ninguém.

Tive retornos bem legais sobre a palestra e fiquei feliz ao ver o anfiteatro do Hospital Moinhos de Vento (Porto alegre) lotado. Sinal de que tem muita gente que se preocupa com a saúde de mães e bebês e querem se manter atualizados sobre o assunto.

Agradeço aos organizadores do evento pelo convite, fiquei muito honrada!

Espero ter contribuído e esclarecido as dúvidas de todos, qualquer coisa podem me escrever!

Um beijo e bom final de semana!

Denise Suguitani (nutricionista e fundadora do Prematuridade.com)

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