14 de Setembro de 2024

Nossa jornada de muito amor e superação

Engravidei perto dos meus 34 anos e tive um primeiro trimestre muito tranquilo. A partir de 12 semanas tive alguns episódios de sangramentos intensos e com 13 semanas foi identificado descolamento ovular com um hematoma de quase 10 cm, naquele momento maior do que meu filho, gerando um risco gigante de que a gestação não fosse para frente. Foram dias e dias com sangramento e muita angústia. Quando completamos 17 semanas, em mais uma das inúmeras idas aos PSO, foi achado um sludge (possível infecção no líquido amniótico), levando a primeira internação no hospital, onde foi ministrado 48h de antibiótico intravenoso. Após a alta no hospital, já em casa, houve uma pequena perda de líquido e minha equipe médica sugeriu que eu fizesse um teste para bolsa rota, que deu positivo. Naquele momento nos foi sinalizado que eu poderia entrar em trabalho de parto a qualquer momento e que pela idade gestacional, meu filho não sobreviveria. Que eu poderia ir para casa para aguardar por um trabalho de parto ou um milagre, eis que meu primeiro milagre aconteceu e ao fazer um US após 48h o líquido amniótico não havia baixado e meu Gustavo estava pleno, com muita movimentação e crescendo.

A hipótese foi de que apenas uma das membranas havia se rompido. Voltamos para casa e fomos seguindo. Com 22 semanas de gestação, senti dor e fui ao PSO, foi identificado infecção urinária e então a segunda internação para 8 dias de antibiótico. Voltamos para casa, mantive o repouso parcial e então com 25 semanas, senti um liquido saindo, ali soube que dessa vez a bolsa tinha rompido por completo, fomos correndo para a emergência e lá foi constatado que de fato isso havia acontecido, então fomos nós para a terceira internação, agora sabendo que não sairiamos até o nascimento e que eu poderia entrar em trabalho de parto a qualquer momento. Tomei corticoide, antibióticos diversos, ainda na internação descobrimos a diabetes gestacional. Pedi muito à Nossa Senhora pela vida do meu filho. Seguramos até às 28 semanas e 4 dias, quando entrei em trabalho de parto, foi um parto natural rápido e meu Gustavinho nasceu com 1.270 g, medindo 34 centímetros, ele pode ficar um pouquinho encostado na pele da minha barriga, mas logo foi retirado e levado para a UTI Neo e ali iniciava uma jornada intensa de 70 dias na UTI. Um mundo à parte, dolorido, onde nossas vulnerabilidades e fragilidades ficam completamente expostas, onde questionamos o porquê de estarmos passando por isso, o medo do pior acontecer, uma culpa inexplicável, ver o seu pequeno chorar por mais uma punção para algum exame e não poder ninar, não poder exercer a maternidade, viver o puerpério, o luto por te idealizado viver um início comum da maternidade… é uma dor que não se equipara a nada na minha vida, que precisei superar rapidamente para estar forte para meu pequeno.

Meu filho precisou do apoio do CPAP ao nascer e ficar em manipulação mínima por alguns dias. Após pouco mais de uma semana pude pegá-lo no colo e sentir uma emoção enorme. Em sua trajetória na UTI, ele teve uma hemorragia na matriz germinativa grau II, suspeita de sepse, em que tivemos a retirada de liquor e inúmeras apneias - que inclusive me geravam um medo enorme, porque parecia que não ia passar. Mas passaram, como tudo na vida. Em determinado momento dentro da UTI entendi que me fortalecer e me encher de esperança seria o melhor para filho e assim fiz! Fomos vencendo dia a dia, cada dia era menos um lá dentro. Desde o começo o nosso mantra era não pensar na data exata que seria a alta, mas pensar que sairíamos de lá quando ele estivesse pronto e isso aconteceu após uma intensa jornada, num lindo dia e foi o momento mais especial desde a descoberta da gestação, foi o nascimento para uma nova página da nossa história!

Hoje estamos em casa, meu pequeno está crescendo forte e saudável. Ele está atualmente com 4 meses de idade cronológica e pouco mais de 1 mês de idade corrigida, sabemos que temos uma longa trajetória de acompanhamentos com fisio, neuro, osteopata e etc, para garantir a melhor qualidade de vida ao nosso lindo e amado menino. Somos imensamente gratos pela vida do nosso milagre Gustavo e pela sorte de termos ele em nossos braços!

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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