

18 de Julho de 2025
Nossa história
Quando descobri a gravidez do Heitor, não estava numa fase boa da vida. Após 1 ano desempregada, tinha acabado de ser recolocada no mercado de trabalho e iria voltar a pôr os projetos parados em prática. Não poderia, depois de 11 anos da minha filha, estar grávida novamente. Foi complicado aceitar a gravidez, e essa rejeição inicial me trouxe muita culpa.
Depois de ter passado o susto inicial, as coisas foram se ajeitando e a gravidez já era pura felicidade. A família estava em festa e já fazíamos vários planos com o novo integrante que estava para chegar.
Na primeira consulta do pré-natal, fui encaminhada ao pré-natal de alto risco, pois, assim como na primeira gravidez, minha pressão estava alta. Não me preocupei muito, afinal a gravidez da Alicia foi super tranquila, mesmo com a pressão alta, então essa também seria assim. Porém, mesmo tomando os remédios e indo às consultas quinzenalmente, eu não me sentia bem, tinha muitas dores de cabeça e o inchaço, mesmo no início, já se fazia presente.
Fui até as 28 semanas, quando foi preciso interromper a gravidez devido ao descolamento de placenta, sofrimento fetal e falta de líquido, ocasionados pela pré-eclâmpsia.
Foi assim que veio ao mundo o meu milagre. Heitor nasceu com 28 semanas, pesando 980 gramas. Não chorou e foi levado direto para a UTI neonatal. Era muito pequeno, seu aparelho respiratório ainda não estava desenvolvido, seu corpinho frágil ainda não estava preparado para vir ao mundo.
Ainda sob efeito da anestesia, no corredor do hospital, a pediatra informou que, após reanimação, meu bebê estava estável, tinha sido entubado e eu poderia vê-lo assim que estivesse bem. Consegui subir na UTI somente no outro dia. Foi ali que senti pela primeira vez a dor de ver meu filho tão frágil, naquela incubadora cheia de aparelhos. Doeu, e até hoje dói.
Nesse mesmo dia tive alta e fui obrigada a vir embora, deixando meu filho naquele lugar. A UTI daquele hospital passou a ser minha casa. Não podia dormir lá, então chegava às 7:00 da manhã e saía às 22:00, quando as enfermeiras me avisavam que precisava ir para casa.
Os dias eram longos, cheios de choro e dor. Aguardava ansiosa para ouvir o parecer dos médicos, alguns gentis e delicados, outros que não demonstravam nenhuma sensibilidade quando diziam que ele era um bebê grave e que poderia vir a óbito a qualquer momento.
A primeira vez que pude pegar meu filho no colo, ele já estava com 19 dias de vida. Foi um misto de alegria e medo. Nesse dia, ele não estava bem, estava com suspeita de enterocolite e provavelmente teria que passar por uma cirurgia.
Foi grandioso tê-lo no colo. Naquele momento, me senti mãe dele. Tive a certeza de que ele precisava de mim, mas eu precisava dele ainda mais. Chorei e pedi a Deus que nos abençoasse e que me permitisse levar meu filho para casa.
Depois desse dia, todos os dias as enfermeiras me deixavam pegar ele no colo. Passava horas conversando com ele. A cirurgia não foi necessária e ele melhorava a cada dia. Ainda tivemos alguns sustos, mas ele sempre se recuperava.
Foram 67 dias de luta, e enfim tivemos alta. Heitor veio para casa mamando apenas leite materno, cheio de acompanhamentos, mas bem. Aos poucos, os acompanhamentos acabaram e ele foi evoluindo.
Hoje, Heitor tem 8 anos, tem atraso no desenvolvimento global, é um menino alegre, inteligente e superativo! Estamos em investigação para saber se possui algum grau de autismo.
Ele é meu milagre. Comemoro e agradeço todos os dias pela vida dele. Com ele aprendi que nada é mais importante do que a vida de quem amamos.


