

04 de Setembro de 2025
Nossa Filha
Desde criança eu já sonhava com a adoção. Nas minhas brincadeiras, uma boneca era filha biológica e a outra era do coração. Eu sempre dizia: “Quando crescer, vou adotar dez crianças”. O que era fantasia de menina se transformou em promessa de vida.
Em 2014 me casei com o Etevaldo, e juntos caminhamos com esse desejo no coração. Em 2021, no auge da pandemia, decidimos dar entrada no processo de adoção. Foram muitos documentos, entrevistas, a longa fila… mas sempre com fé e paz no coração.
Até que em maio de 2025 recebemos a notícia que mudaria nossas vidas: havia uma bebê prematura, nascida com apenas 25 semanas, pesando 773g, internada sem previsão de alta. O nome dela já era um sinal: Sara. Um nome de fé, promessa e vida.
Quando a conhecemos, ainda tão frágil dentro da incubadora, sentimos de imediato: ela já era nossa filha. Foram dias intensos de hospital, de esperança, de lágrimas e orações. Cada visita era uma entrega, cada contato pele a pele no método canguru era uma declaração de amor.
Eu cantava para ela, clamava a Deus e sentia que, mesmo tão pequenininha, ela me reconhecia como mãe. E foi nesse processo que nasceu também em mim o desejo de viver a amamentação afetiva. Eu já havia lido sobre a possibilidade da indução de lactação e, com apoio da equipe e do banco de leite, iniciei o tratamento.
Mesmo antes de produzir leite, o simples ato de colocar a Sara ao meu seio criou uma conexão indescritível. Ela não apenas se alimentava de nutrientes, mas de carinho, acolhimento e segurança.
No início foi desafiador. Ela era sonolenta, tinha dificuldade para sugar, e muitas vezes eu só conseguia estimular com massagens e a bombinha. Mas eu não desisti. Até que, um dia, em casa, vi o colostro descer. Foi um milagre, um presente de Deus!
Ali eu entendi que a amamentação vai muito além do leite: ela é vínculo, entrega e amor.
Hoje, dois meses depois, vivo o prazer de amamentar a minha filha. Cada mamada é um encontro, um abraço silencioso que fortalece nosso laço. Descobri que maternar é mais do que gerar: é acolher, é estar presente, é viver um dia de cada vez, mesmo entre lágrimas e cansaço.
Tudo valeu a pena. O que um dia foi profecia de criança, hoje é realidade em meus braços. Fui escolhida por Deus para viver uma maternidade única e especial — e a amamentação afetiva foi o caminho mais lindo que Ele me deu para transformar dor em amor.


