14 de Novembro de 2022

Lavínia Mulher Maravilha

Descobri a gestação logo no primeiro mês, já estava nos planos, mas veio antes do que o imaginado. Fizemos todas as consultas, exames, ecografias e tudo que foi indicado no pré-natal. Cuidamos da alimentação, qualidade do sono, ritmo de trabalho, para que não tivéssemos problemas durante a gestação. Com 4 meses, ao fazer uma ecografia, percebemos que a pressão estava alterada e começamos a controlar, tomando remédio, controlando o sal e fazendo o menor esforço possível.

Minha pressão tinha picos de 22x12 e eu não sentia absolutamente nada. Chegando nas 30 semanas, minha obstetra orientou que sempre que tivesse picos de pressão alta deveria ir ao plantão, e assim eu fiz, em uma sexta a noite fomos ao plantão pois a pressão estava novamente 22x12, todos ficaram assustados e fui atendida rapidamente, mesmo sem ter nenhum tipo de sintoma novamente.

Passamos a madrugada de sexta-feira fazendo exames até que foi constatado a pré-eclâmpsia, de início não seria necessário fazer a cesárea e eu iria ficar internada para poder levar a gestação mais adiante. Tudo mudou no sábado ao final da tarde, quando os últimos exames de sangue chegaram e eu já estava em um estágio tão avançado que estava perto de desenvolver a Síndrome de Help, com isso foi decidido fazer a cesárea na mesma hora.

Foi um pavor sem tamanho, meu marido chorou muito e apenas ele pode estar comigo. Em 1 hora do diagnóstico, meu lindo anjo nasceu, chorando muito e mostrando que tinha chegado, não pude segurar ela no colo mas consegui ver de longe e ouvir seu choro bem alto, meu marido pôde acompanhar tudo e ficar com ela até terminarem os procedimentos. E lá foi meu anjo para sua nova "moradia", por 60 dias. Devido a minha pressão não ter baixado, só pude ver meu amor 24hrs, quando cheguei na Neo e vi aquele anjinho tão pequeno, cheio de fios, dentro de uma incubadora gigante e parecendo tão "frágil", eu chorei, chorei tudo que tinha dentro de mim, meu marido e todas as meninas da Neo ficaram ao meu lado e me ajudaram muito nesse momento.

A partir daí começou a maior montanha russa que já "andei" nessa vida, os 5 primeiros dias foram excelentes, não precisou ser entubada, estava aceitando bem o leitinho, parecia que tudo seria tranquilo. Então chegou o primeiro dia doloroso, o dia da minha alta, era véspera de Natal e eu novamente chorei até as lágrimas secarem, doeu muito sair de lá sem meu anjo nos braços, mas eu sabia que estava sendo bem cuidada. Na noite do Natal vem a primeira notícia ruim, devido a uma possível infecção, ela teve que ser entubada, fiquei sem chão ao chegar no dia 25 e ver ela naquele tubo, doeu demais.

Os dias foram se passando e recebemos apenas notícias ruins, a infecção era na verdade uma enterocolite e os antibióticos não estavam fazendo efeito, os médicos estavam tentando de toda forma não fazer uma cirurgia pois naquele momento ela tinha apenas 920 gramas e estava muito frágil, seria difícil demais passar por uma cirurgia grande dessas.

No dia 27, quando ela tinha apenas 8 dias, teve uma convulsão seguida de parada cardiorrespiratória de 25 minutos, quando chegamos para visitar e vimos toda aquela correria na sala, eu tinha certeza que se tratava do meu amor. Os médicos e enfermeiras fizeram de tudo até conseguir salvar meu anjo, e nesse dia nos informaram que se não fosse feita a cirurgia no intestino naquele mesmo dia, não saberiam até quando ela iria resistir. Rezamos, pedimos e imploramos a Deus que estivesse com ela na sala de cirurgia, e como um milagre, ela saiu da cirurgia melhor do que entrou e felizmente conseguiu superar o dia mais difícil que teve.

Ela teve que fazer outras duas cirurgias para conseguir com que o intestino realmente funcionasse, nesse meio tempo teve três infecções grandes, ficou vinte dias entubada, saiu do tubo e quando estava quase sem nada de oxigênio, pegou outra infecção e teve que ser entubada novamente, mais cinco longos dias até ir para o CPAP e depois cateter nasal, o qual ela mesma se deu alta, quando arrancou e não deixou mais ninguém colocar.

Fez diversas transfusões, teve seis convulsões no total, hemorragia craniana grau I, desenvolveu clonus. Foram 60 dias de internação, sendo a maioria deles com notícias ruins e choros, nós ficamos firmes e fortes, pois se ela estava ali lutando pela vida, como não iríamos lutar também? E ao completar seu segundo mês, a melhor notícia do mundo: podem levar ela pra casa!

Foram dias difíceis, momentos difíceis, mas serviu para aprendermos que quando Deus quer, tudo dá certo, ele faz milagres e devemos acreditar sempre que tudo vai terminar bem. Só posso agradecer a tudo que passamos, ao meu marido por nunca ter largado a minha mão, aos médicos por todo cuidado que sempre tiveram e principalmente às enfermeiras, pois cuidaram dela com todo o amor e carinho desse mundo, e muitas vezes me ajudaram a não desistir. Fiquem firmes e fortes, esses mini guerreiros tem uma força fora do comum, estejam sempre com eles, dando amor e apoio em todos os momentos.

(Relato da mamãe Patrícia, enviado em 2021)

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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