10 de Junho de 2025

Um milagre

Gabriel nasceu com 33 semanas, pesando 2.210 g e medindo 43,5 cm. Um prematuro considerado grande, nasceu chorando, porém desenvolveu desconforto respiratório. Foi para o CPAP na UTI Neo.

Com 2 dias de vida, ele teve um pneumotórax e precisou ser intubado às pressas. No mesmo dia, realizou uma cirurgia para colocação de um dreno no pulmão esquerdo, que ocorreu bem.

Porém, quando a equipe médica foi pegar o acesso central, ele evoluiu para uma parada cardiorrespiratória que durou 50 minutos. O coração dele voltou a bater à base de drogas.

Quando cheguei para vê-lo após a parada, haviam tantas máquinas ligadas que fico com o barulho delas na mente até hoje. Os médicos só sabiam me dizer que era gravíssimo.

No dia seguinte, ao chegar lá, Gabriel havia sangrado pelo estômago. Foi feito um exame da cabeça que detectou uma pequena hemorragia chamada papile grau 1. As médicas haviam me informado que poderia ser grau 4.

Com 14 dias de internação, Gabriel teve uma sepse neonatal tardia causada por uma bactéria hospitalar chamada Klebsiella pneumoniae, causando pneumonia e afetando o coração.

Suspenderam o leite materno, que era dado por sonda. Meu coração se partiu nesse dia, quando a moça do banco de leite me disse que ele voltaria para dieta zero.

Nesse mesmo momento, ele contraiu fungo hospitalar na urina também.

O PCR dele não abaixava: quando caía para 10, no próximo exame subia para 50. Ele usou 9 tipos de antibióticos enquanto esteve internado na UTI Neo.

Ficou intubado por 33 dias, depois foi para o CPAP, ficando apenas um dia, e no dia seguinte já estava em ar ambiente.

Fez 5 transfusões de sangue e 2 transfusões de plaquetas. Aprendeu a mamar rápido e, após 53 dias internado, recebemos alta.

Hoje, ele está com 8 meses. O papile não existe mais e não possui mais os buraquinhos que tinha no coração.

Faz acompanhamento com neurologista a cada 3 meses e está de acordo com a idade cronológica.

Porém, está em investigação a surdez bilateral, que pode ter sido causada por um antibiótico ototóxico utilizado para tratar a bactéria hospitalar.

Mas seguimos firmes na fé, acreditando que tudo tem um propósito e que os prematuros são fortes e têm uma grande vontade de viver.