

13 de Janeiro de 2014
Sara Luiza: Um presente enviado pelo meu Senhor
“Estava a algum tempo tentando engravidar, mas não conseguia. Passei muito tempo tomando anticoncepcionais e isso dificultou. Depois de 2 anos, a tão esperada notícia positiva aconteceu: eu estava grávida. Era um sonho que se realizava na minha vida. Só faltava vir uma menina, pois já tinha um menino e meu marido mais 2 meninos, os 3 de nossos casamentos anteriores. Mas só fato de estar grávida já era o suficiente.
No começo, correu tudo muito bem. Pré-natal todos os meses, exames sempre tudo bem, sem nenhum problema e, meses depois, a notícia de que seria uma princesa me deixou mais radiante ainda.
No dia 23 de novembro de 2012, quando estava com 28 semanas, comecei a sentir contrações. Fui ao meu obstetra e apenas passou remédio para dor e me mandou para casa. E a dor não passava com o remédio. Esperei o meu marido chegar e voltamos a emergência da maternidade. Foi quando o obstetra de plantão disse para eu não me assustar, que procurasse uma maternidade de risco, pois estava entrando em trabalho de parto, já com 3 de dilatação. Entrei em pânico, pois não tinha noção do que estava acontecendo. Só pensava que a minha princesa não sobreviveria estando apenas com 28 semanas de gestação. Eu só chorava e pedia a Deus para não perdê-la.
Fui a outra maternidade, onde fui bem atendida. Tomei logo a injeção de corticóide, e a médica disse que teria que segurar a minha princesa o máximo, pois ela era muito prematuro que ela nascesse naquele momento. O meu marido e a minha família estavam o tempo todo ao meu lado em oração, pois todos sabiam o quanto aquela menina era importante para mim, sabiam o quanto eu já a amava.
Fiquei 3 dias com muita dor. A minha cabeça estava tão confusa e as dores só aumentavam. Não sabia o que viria pela frente, não sabia ao certo o que aconteceria, se ela nasceria ou não resistiria. Eu pedia a Deus que me tirasse a vida e a deixasse nascer, eram mil coisas ao mesmo tempo.
Na manhã do dia 26 de novembro de 2012, ela veio ao mundo com apenas 43 cm e pesando 1,680 kg. Ela chorou bem baixinho, quase um gemido. Os médicos logo a intubaram, quase não pude ver o seu rostinho tão pequeno e frágil. Não quis nem saber de me recuperar, só pensava nela, como ela sobreviveria assim tão frágil. Ela foi transferida no dia seguinte. Os médicos diziam que ela não podia ficar ali, pois ela precisava de muitos cuidados e lá estava muito cheio. Graças a Deus, ela foi transferida para um hospital próximo da minha casa, onde todos os dia eu podia ficar com ela. Os dias eram longos e eu quase enlouqueci. O meu coração a queria em casa, comigo, bem! Mas a minha cabeça sabia que era preciso tudo aquilo. Mesmo assim, eu nem conseguia ter forças para passar para ela. Eu tentava, fingia que estava tudo bem, que tudo rapidamente passaria.

Foram longos 58 dias. 14 dias por ventilação invasiva e mais 23 dias de alternância do CPAP nasal e Oxy-hood. Tinha dias que ela tinha evoluído e dias que tinha caído. Teve várias infecções, displasia broncopulmonar, retinopatia e ainda hemorragia intracraniana. Ela precisou de 2 transfusões, e assim ia lutando pela vida. Ela era muito forte e eu era muito fraca perto dela.

Pude fazer o método canguru. Senti uma emoção que jamais sentira antes. Ela foi para bercinho e pude dar a primeira mamadeira. Isso tudo foi muito radiante, muito único. E eu me perguntava como podia um ser tão pequeno ter força de um gigante para sobreviver. Mas era Deus no controle de toda situação. Ela era um presente dele para mim e não seria nada pela metade, teria que ser diferente, ela estava me ensinando o valor que a vida tem.

Ela superou tudo, está com 1 aninho, sem sequela nenhuma. Está linda e cresce como se nada tivesse acontecido. Me ensina de tudo um pouco a cada dia! E, quando olho para trás, vejo que tenho uma pequena guerreira, e, quando a vejo sorrir, vejo que cada dia que vivo será para ver esse sorriso mais e mais. Agradeço a Deus por tudo e todos da minha família e do Prematuridade.com pela ajuda de entender o que eu não entendia e estar aqui hoje para dizer que nós vencemos!”


Luciana Sousa, mãe da Sara Luiza
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