

17 de Janeiro de 2025
Meu querido Jorge
No dia 02/07/2024 nasceram meus filhos Jorge e João. Ambos prematuros extremos, com apenas 25 + 6 semanas de gestação. Meu filho João nasceu com uma condição grave, uma hérnia diafragmática congênita, e veio a falecer no dia seguinte. Foi um dia muito duro e de imensa tristeza para nossa família. O João nasceu com 850gr, e o Jorge nasceu ainda menor, com 770gr. Conhecer meus filhos tão pequenos e tão cedo foi um susto, senti muito medo e também me senti muito perdida, sem saber o que esperar do futuro. Após a perda do nosso filho João, sabíamos que precisávamos ser fortes pelo Jorge, um menininho tão jovem que já tinha uma batalha imensa pela frente.
Foram 100 dias de UTI neonatal, nesse período passamos por altos e baixos (a vida na UTI é uma montanha russa, é sempre um passo pra frente e dois pra trás). Foram 8 transfusões de sangue, 49 dias entubado, vários dias fazendo uso de insulina e uma cirurgia de correção para uma hérnia inguinal bilateral antes da tão sonhada alta. O Jorge precisou aprender sozinho a respirar e a se alimentar, e todo esse processo foi sempre no tempo dele. Pegamos o Jorginho no colo pela primeira vez mais de um mês após o nascimento, foi um dia muito feliz no meio do medo que é a UTI. Durante a internação do Jorge eu procurei muito por histórias como a minha, sempre tentando prever o que o futuro me aguardava e procurando forças para encarar essa maternidade tão dolorida que é a maternidade na UTI neo.
Por esse motivo quis contar a história do Jorge (e do meu amado João) quando fomos para casa. Hoje o Jorge é um bebê saudável de 3 meses de idade corrigida, que faz acompanhamento multidisciplinar por conta da prematuridade extrema mas vem surpreendendo os médicos positivamente. Ele é sorridente e feliz, sou muito grata pelo meu filho. A prematuridade extrema dói e é muito difícil e delicada, desejo do fundo do meu coração muita força e coragem para as famílias que, infelizmente, passam por esse desafio. Também gostaria de deixar minha solidariedade às mães, sei a culpa que carregamos por não levarmos a gravidez até o final e gostaria de reforçar que não é sua culpa nada do que aconteceu com você e na sua gestação. Um abraço e muito amor.


