15 de Novembro de 2025

Maria Clara - 28/05/2024 - 29 semanas.

Estava tendo uma gestação tranquila, sem nenhum problema, até que, com 24 semanas, tive um sangramento e fui ao hospital. Fizemos todo tipo de exame e descobri que estava tendo contrações e que a Maria Clara estava encaixada para nascer. Ficamos 1 semana no hospital; as contrações foram controladas e voltamos para casa para ficar de repouso parcial.

No dia 28/05, às 5h da manhã, eu estava dormindo e senti um líquido vazar: minha bolsa havia estourado. Estava com 29 semanas e 2 dias, e ela com 1.080 kg. Ao chegar no hospital, tomei a primeira dose da vacina para maturar o pulmão; entrei no soro para ver se conseguia segurar, mas no exame de toque eu já estava com 5 cm, e fomos para uma cesárea de emergência.

Por ela já estar encaixada há um tempo, ficou presa na hora de sair, mas, com um pouco de dificuldade, nasceu às 10h34 da manhã. Nasceu respirando sozinha, porém com a cabeça bem deformada, em formato de cone. A vi por pouco tempo e a levaram para a UTI. Na UTI, ela foi colocada no CPAP e fizeram um exame na cabeça, descobrindo que ela tinha 3 “fraturas” e precisaria entrar no antibiótico por causa do risco de sepse.

Nos primeiros dias, foi indicado pelo médico deixá-la sempre de bruços e movimentá-la o menos possível, e ela foi entubada. Foram 14 dias em que eu fiquei sem poder pegá-la no colo. Ela ficou 17 dias sem conseguir ingerir leite, nem por sonda, apenas com alimentação parenteral.

Quando ela estava melhorando e saindo do oxigênio, com 22 dias, eu cheguei para visitá-la e ela estava diferente. Falei com as médicas, que fizeram exames, e descobriram que ela tinha tido uma sepse tardia; precisaria de antibiótico por no mínimo 14 dias. Começou a ter problemas de respiração novamente, precisou de mais transfusões, voltou para o oxigênio, e, ao final, descobrimos que precisaria de 21 dias de tratamento.

Ela venceu mais essa. Mesmo com os remédios e ainda no oxigênio, aprendeu a mamar na mamadeira e no peito. Com 40 dias de UTI, tirou a sonda de alimentação. Com 43 dias, começaram a tirar o oxigênio e ver se ela conseguia respirar sozinha, pois só faltava isso para a alta. Ela oscilou, mas venceu. Com 46 dias, atingiu o peso necessário e tivemos alta.

Maria Clara passou por entubação, hemorragia grau 2, 3 fraturas na cabeça, várias transfusões de sangue, sepse inicial e tardia e, o mais aterrorizante, um laudo de leucomalácia de grau elevado. Os diagnósticos para ela não eram bons: chances de paralisia cerebral e outros tipos de sequela. Mas nós nunca acreditamos que não ia dar certo; sempre tivemos muita fé. Ela sempre foi nossa guerreira e venceria mais essa.

Saímos do hospital e fomos atrás de um bom neuro, que nos indicou colocá-la para fazer fisioterapia e terapias para incentivo o quanto antes. E assim fizemos. Hoje, Maria Clara está com 1 ano e 5 meses, cheia de energia e surpreendendo os médicos a cada dia. Ela é meu milagre.

Pensei muito antes de vir escrever a história dela, pois não gosto de tanta exposição, mas, quando fiquei dia a dia na UTI, eu buscava histórias de vitória para me ajudar a ter forças e acreditar. Quero que a história dela dê força às mães que se encontram na mesma situação.

Tenham fé, acreditem e não percam as esperanças.

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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