

25 de Agosto de 2025
Helena
No dia 29 de março, minha vida mudou para sempre. Durante um exame de ultrassonografia, descobri que uma das minhas gêmeas apresentava batimentos cardíacos fracos e sinais de sofrimento fetal. Fui levada às pressas para a maternidade e, naquele mesmo dia, minhas filhas nasceram com apenas 26 semanas de gestação: Cecília, com 700 gramas, e Helena, com 900 gramas. As duas precisaram ser entubadas e receberam medicações intensivas. Pouco depois, desenvolveram uma infecção grave. Cecília respondeu ao tratamento, mas Helena não apresentou melhora. No terceiro dia de vida, pude segurar Cecília no colo pela primeira vez. Helena, por estar em estado crítico, só consegui segurar no quarto dia, a pedido da equipe médica. Naquela mesma noite, às 21h50, ela partiu. Meu mundo desabou e, com ela, foi também um pedaço de mim. Enquanto isso, Cecília seguia como os médicos esperavam, mas cada intercorrência era, para mim, um novo desespero. Ela nasceu com persistência do canal arterial (PCA) e, após três tentativas com medicação, finalmente o canal fechou. Em seguida, precisou de uma cirurgia oftalmológica por causa da retinopatia da prematuridade. Também foi diagnosticada com displasia broncopulmonar, necessitando de suporte ventilatório e bombinhas inalatórias até conseguir respirar sem aparelhos. Depois de 91 dias internada, Cecília recebeu alta. Algum tempo depois, passou por mais uma cirurgia nos olhos. Dessa vez, o procedimento foi um sucesso, exigindo apenas dois dias de internação. Hoje, mesmo ainda fazendo uso de bombinhas em casa, isso se tornou um detalhe pequeno diante da maior conquista: estar bem, em casa, comigo.


