

11 de Novembro de 2025
Dante significa duradouro, permanente, resistente!
Me descobrir grávida foi o início da maior — e inesperadamente mais árdua — aventura da minha vida. Logo na primeira consulta, uma frase ecoou, instalando-se como um prenúncio sombrio: “Sua gravidez é de alto risco.” Com uma hipertensão crônica, somada à minha idade e ao histórico materno de abortos e pré-eclâmpsia grave, entendi que a vigilância sobre minha saúde deveria ser redobrada, um regime de cautela estrito.
Com 24 semanas, em um ultrassom de rotina, descobrimos que a minha artéria uterina direita estava com o fluxo sanguíneo diminuído, o que estaria causando uma restrição de crescimento no Dante, ou seja, ele estava menor em peso e tamanho do que os padrões médicos preconizavam.
Até que, em 15 de junho, com 27 semanas de gestação, tive um pico pressórico que me levou até o hospital para avaliação. A escolha do hospital foi muito consciente: sabendo da excelência e referência da UTI Neonatal do Neocenter, não tive dúvidas. Nesse mesmo dia, um domingo, fui atendida rapidamente e encaminhada para alguns exames. Esperei, junto ao meu marido, com tranquilidade, pois já tive picos de pressão em outros momentos da minha vida, e bastava um medicamento para resolver a situação.
Assim que os exames ficaram prontos, a médica de plantão me chamou para me dar a notícia de que eu precisaria ser internada e que o parto iria acontecer no dia seguinte. Eu só fui compreender o que ela tinha me falado algumas horas depois, quando entrei no quarto de internação. Meu filho iria nascer com 27 semanas! Ainda estava muito pequeno por causa da restrição na artéria uterina e ainda não tinha nem os pulmões formados. Como ele iria sobreviver? Foi uma angústia difícil de explicar.
Recebi a visita de minha obstetra no quarto, que me explicou todo o cenário: seria necessário vivermos cada dia por vez, sem expectativas e com muita fé de que Dante esperaria mais um dia para chegar ao mundo.
Até que, no dia 20 de junho, tive alta, mas deveria manter o acompanhamento médico duas vezes na semana, com exames e consultas feitos no Neocenter, garantindo minha saúde e a do meu filho. Nosso objetivo então era chegar com a gravidez até as 34 semanas, quando o bebê estaria mais maduro.
Foram semanas difíceis, de muito medo e ansiedade, mas também semanas de preparação para a realidade que estaria por vir: a prematuridade. Nesse momento foi quando descobri o site da ONG Prematuridade, que, com seus relatos tão emocionantes de fé e milagres, acalentava meu coração. Pensei, ao ler tantas histórias lindas, que um dia seria eu a relatar o meu milagre mais perfeito!
Na manhã do dia 07 de julho — exatas 31 semanas do Dante —, em mais uma ida ao Neocenter para acompanhamento, tive a notícia de que a creatinina estava em índices altos novamente e os exames demonstravam outras alterações preocupantes. Minha obstetra então deu o veredicto: eu estava com um quadro de pré-eclâmpsia e o parto seria naquele mesmo dia; não poderíamos mais esperar. Fui para a internação receber alguns medicamentos preparatórios, aguardando a cesárea que seria feita no início da noite.
Ao deitar na maca de cirurgia, o medo e a ansiedade que eu havia mantido sob controle finalmente vieram me perturbar. Mas eu tinha meu marido, meu pilar de serenidade, que me acalmou, lembrando que em minutos conheceríamos o maior amor de nossas vidas.
Um choro forte e estridente irrompeu, anunciando que ele havia chegado bem! Um grito de vida rompeu o silêncio e inundou a sala. Deus é bom o tempo todo! Dante nasceu com 1.400 g e 44 cm, com Apgar de 9/9. Consegui vê-lo e pude colar o meu rosto ao dele… Nada no mundo é tão lindo quanto esse momento!
A partir daquele instante, uma nova etapa se desdobrava: a rotina de UTI. Apesar de ter pesquisado exaustivamente sobre prematuridade (e agradeço à Prematuridade.org por isso), nada nos prepara para aquela jornada. Ver nosso filho, com pouco mais de 1 kg, envolto em fios, aparelhos e curativos, quebra-nos de uma forma indescritível. A dor de não poder acalentá-lo no colo, de não sentir sua pele frágil, é quase física — dói na alma.
Nossa rotina instalou-se dolorosa, mas repleta de esperança. O pior momento, para mim, sempre foi entre o despertar e a chegada ao hospital para ter notícias. A ansiedade de não saber como ele havia passado a noite, se houvera intercorrências, era enlouquecedora. Ouvir “ele está ótimo, passou bem a noite” era como testemunhar um milagre. Mas havia dias em que a notícia nos jogava um balde de água gelada: “quedas de saturação”, “episódios de refluxo” e, a mais aterradora de todas: “Dante fez uma apneia e seus batimentos cardíacos caíram para 40.”
Hoje olhamos para Dante, saudável e forte, e a gratidão nos inunda. Somos profundamente gratos pela vida e pela saúde que lhe foram concedidas e pela inegável qualidade técnica dos profissionais que zelaram por ele em ambos os hospitais. O Neocenter nos ofereceu a excelência especializada em momentos de crise, e o Mater Dei, mesmo com a adaptação desafiadora de uma transferência por problemas no convênio, providenciou o suporte necessário para a reta final.
Foi um total de 32 dias de UTI Neonatal no Neocenter, 10 de UTI Pediátrica e 2 de quarto no Mater Dei — 44 dias rezando muito e com muita fé de que tudo ficaria bem! Deus esteve presente em todos os momentos e continua conosco, abençoando e protegendo nosso filho!
Se você está passando por momentos difíceis, não perca a fé. Dizem que uma UTI Neonatal é um lugar de milagres… e de fato é!


