

12 de Novembro de 2012
A chegada de Sofia e Heitor
Assim como eu, quem acompanha nossa página no Facebook também teve o privilégio de participar dos momentos finais da gestação da Luciana. E quando a duplinha Sofia e Heitor nasceram, ela fez questão de compartilhar conosco sua alegria. Foi lindo, uma emoção muito grande ter acompanhado tão de perto essa linda história, quase que em tempo real. Obrigada, querida Lú, pelo carinho, pelo relato e pela ajuda que ele representa para outros pais de bebês prematuros. Um grande beijo nos pequenos e votos de muita saúde para eles hoje e sempre!
"Desde que descobri que estava grávida de gêmeos, meu maior medo sempre foi o parto prematuro, pensava o quanto poderia ser difícil ficar nessa correria de hospital, ainda mais que eu não iria ter meus bebês na cidade que moro.
Eu fazia pré-natal na cidade vizinha, que fica a 63 km, pois na minha cidade não tem hospital nem médicos confiáveis, e também não tem UTI Neo.
Me cuidava muito para que isso não acontecesse. Eu falava que se acontecesse, como eu iria dar conta?
No dia 17/07/2012 fui fazer um ultrasom de rotina. Marquei com um médico que acompanhou minhas outras gestações, pois ele sabia me dizer até quando eu conseguiria. Ele não estava acompanhando essa gestação porque no hospital que ele trabalha não tem UTI Neonatal. Ele mesmo me indicou uma médica em outro hospital. Fui fazer o ultrasom e sempre fui sozinha, porque eu estava super bem. O médico acabou o exame e disse "senta aqui, vou te explicar o que está acontecendo..." Explicou que meu primeiro gemelar estava bem, já tinha mais de 2kg, que tudo estava normal com ele, mas o 2º gemelar estava comprometido: tinha um problema no cordão umbilical que chama diástole e estava próximo a zero. Meu parto tinha que ser feito o mais rápido possível, porque senão o meu bebê não resistiria. Já não se alimentava direito e tinha apenas 1440g. Ele pediu pra eu ligar pra minha médica e, se caso não a encontrasse, ele iria me encaminhar para outro médico para fazer meu parto.
Na hora que ele falou isso, eu vi que o problema era mais sério que eu pensava. Caí no choro, fiquei desesperada... não queria perder nenhum dos meus bebês, mas aquela não era hora deles nascerem. Fiquei imaginando como iria ser, como eu ia fazer com eles na UTI... veio tanta coisa na minha cabeça... eu estava apenas de 33 semanas e 2 dias de gestação!
Liguei pra minha médica. Ela então pediu para que eu subisse no consultório dela, me explicou o que estava acontecendo e pediu pra eu fazer um outro ultrasom para uma segunda opinião. No outro dia fui fazer o ultrasom, sabe, com aquela esperança de que o primeiro estava errado... mas não estava; acusou o mesmo problema. Minha médica conversou comigo e disse "tem que ser amanhã". Meu marido queria assistir o parto, mas ela disse "melhor não, vai que precisa intubar... é ruim ver..."
No outro dia foi minha cesárea, às 13h. Fui com o pensamento "nossa, eles nem vão chorar, nem vou vê-los"... Eles nasceram e... a Sofia deu um gritão! Como chorou! Nasceu com 42cm e 2.100g. Nossa, foi uma emoção sem fim escutar o chorinho que eu nem esperava escutar.
[caption id="attachment_3055" align="aligncenter" width="640" caption="Princesa Sofia"]
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Meu Heitor também chorou bem. Nasceu bem pequeno, com 40cm e 1.445g. Nossa, eu agradeci demais a Deus por eles chorarem bem... pude ver os dois e dar um beijinho neles pra me despedir, pois iria vê-los só no outro dia.
[caption id="attachment_3056" align="aligncenter" width="640" caption="O gatinho do Heitor"]
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Fiquei no quarto com outra moça que também tinha ganhado um bebê. Como era ruim ver o bebê dela ali, com ela, eles tirando fotos, a família toda paparicando e eu nem podia ver os meus ainda.
O pediatra veio até o quarto de tardezinha dar noticias dos meus bebês. Ele disse: "Olha, a Sofia ficou apenas 2h na UTI, já foi para o berçário. O Heitor está na UTI, mas está bem, não precisou intubar. Ele está respirando super bem!". Nossa, como fiquei feliz! Meu medo era eles não respirarem bem, e eles estavam respirando bem, graças às injeções que tomei.
No outro dia fui vê-los, bem cedo. No berçário a minha pequena estava bem. Pude pegá-la, abraçá-la e sentir o calorzinho da minha princesa. Fiquei muito aliviada por ela estar bem.
Depois fui na UTI ver meu pititico. Nossa, como ele era pititim, que medo! Pensei "meu Deus, será que ele vai ficar bem?". Chorei demais, eu nem podia pegá-lo, apenas tocá-lo. Conversei muito com ele, ele espreguiçava o tempo inteiro... fiquei o dia todo lá, um pouco com cada um. Ia no quarto apenas para comer, e já voltava pra junto dos meus anjinhos.
À noite foi minha alta, o pior momento que passei no hospital. Eu iria para a minha cidade e iria ficar longe deles! Vim aos prantos de lá até aqui. Toda hora eu ligava pra saber como eles estavam. A Sofia sempre bem, aprendeu a mamar logo, não teve complicações, só perdeu peso e teve que ficar pra recuperar. O Heitor não perdeu nada, mas sempre foi mais fragilzinho. Teve uma infecção por causa do catéter umbilical. Passaram um catéter no pescoço dele para ele receber medicação. E assim foi... foram 12 dias de UTI, quando finalmente, ele foi para o berçário ficar junto da sua irmãzinha. E foi quando, finalmente, eu pude pegá-lo no colo. Que coisa mais gostosa meu pequeno no colo, uma felicidade sem fim!
Com 17 dias a Sofia recebeu alta. O médico liberou para eu levá-la comigo, pois não tinha com quem deixá-la. E continuou minha jornada, agora acompanhada pela Sofia: todos os dias indo e voltando os 63km para ficar junto com nosso Heitor.
No Dia dos Pais retiram a sonda dele e ele começou a ser amamentado. Como ele pegou com facilidade! Tinha uma força pra mamar...
Foi quando, finalmente, com 32 dias, ele recebeu alta. Saiu de lá com 2.060g, tão diferente do dia em que nasceu, tão fortinho, sem sequelas... Foi a mesma emoção do dia em que escutei o chorinho dos dois.

Agora eu tenho os dois juntinho de mim, sem ter que rasgar 63km todos os dias.
Hoje olho pra eles e vejo que todo esforço foi recompensado, pois estão bem e saudáveis...


